Histórico

Associação Norte Rio-grandense de
Astronomia (ANRA)

Breve histórico

Essa associação, uma das mais antigas do Brasil, foi fundada em 17 de
junho de 1956. No auge de seus trabalhos, o então presidente e fundador
da ANRA, Antônio Soares de Araújo Filho, contando com associados e
membros colaboradores como Rômulo Argentière e Rubens de Azevedo,
promoveram o IV Congresso da Liga Latino Americana de Astronomia
(LLADA)[1]. Realizado em Natal (RN), entre 08 e 15 de Janeiro de 1967, o
IV Congresso da LLADA levou para aquela pacata cidade vários astrônomos
amadores e profissionais, nacionais e internacionais. As palestras e
conferências continham temas dos mais variados, o Dr. Hugo D’Avila, na
época Subdiretor do Observatório de Quito (Equador), ministrou na
ocasião a palestra
Atividades do Observatório Astronômico de Quito
. Já Rômulo Argentière proferiu palestra intitulada
O Ciclo Solar e as Secas no Nordeste
(ANRA, 1971). Houve também tentativa de fazer com que Wernher Von
Braun[2] participasse desse congresso. Entretanto, vonBraun respondeu em
carta datada de 30 de novembro de 1966 justificando sua impossibilidade
de comparecer.

“Dear Professor Soares – Please excuse the long delay in
replying to your letter f October 20, 1966. Due to commitments of ong
standing, I have been absent from y desk for most of the last weeks
and I among l ynow in a position to answer. I wasveryglad to hereof
your plans for the IV Th Latin American Congress of Astronomy to be
held in Natal and greatly appreciate your kind invitation to
participate in thisevent. Unfortunately, the time of your conference
conflict swith some priority yeng agreements which are already firmly
bookedon my calendar. Thus, to my regret, I shall notbeable to accept
your invitation. However, I have taken the liberty offer warding your
letter to the Office of International Affairs, NASA, Washington, D.C.,
which is in charge o f NASA’s international activities, in order to
make this of ficeaware of your plans for the January conference. Thank
you again for your invitation, and my best wishes for a successful and
informative meeting. Sincerely Yours, Wernher von Braun”
. (ibidem).

Pode-se considerar que ao longo da história da ANRA esse foi um período
de grande fertilidade, realizando conferências, palestras e observações.
Entretanto, com o passar dos anos a Associação foi perdendo força e
permaneceu por longa data “adormecida”, principalmente por toda a década
de 80 do século passado. Seu ressurgimento ocorreu apenas no início dos
anos 90, quando então transferiu sua direção e parte do acervo (livros,
correspondências, artigos, boletins e outros.) para o antigo ETFRN,
atual IFRN (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Norte). Esse momento de transição foi acompanhado e vivenciado
por um dos seus antigos membros, Francisco Carlos de Meneses Júnior[3],
o qual nos concedeu o seguinte relato que conta um pouco sobre sua
inserção no clube e sobre esse “despertar” da ANRA, a saber:

“Em 1992, com alguns amigos de infância,
formamos um grupo de entusiastas da Astronomia na Cidade da Esperança
(Natal, RN). Como tínhamos somente entusiasmo, faltando experiência,
instrumentos e até livros, recorríamos com bastante freqüência ao
acervo da Biblioteca Pública Câmara Cascudo. Foi através deste
expediente que um certo dia vislumbramos nas páginas de um livro do
Ronaldo Mourão, a seguinte nota: Associação NorteRio-grandense de
Astronomia, Avenida Floriano, 612. Natal. RN. CEP 59000-000.  O
endereço era da casa de Antônio Soares Filho, ex-presidente da ANRA e
chefe do gabinete civil do governo Dinarte Mariz. Sobre a ANRA sequer
suspeitávamos que na cidade algum dia existira um grupo dedicado ao
estudo e contemplação dos astros. Afinal, na cena potiguar daquele
apático começo de década, iniciativa semelhante era algo tão incomum
quanto as evoluções do Zeppelin sobre a provinciana Natal dos anos
1930[4]. Acreditando que a Associação ainda estivesse em atividade,
telefonamos para o número correspondente aquele logradouro. Atendeu o
próprio Antonio Soares que nos convidou a sua casa. A partir daquela
primeira acolhida, seguiram-se muitas visitas, onde o professor
discorria sobre fatos e pessoas que fizeram parte da história da ANRA,
como o memorável congresso da Liga Latino-Americana de Astronomia
ocorrido em Natal, a trajetória profissional de Rômulo Argentière, a
contribuição ímpar de Rubens de Azevedo, e a não menos curiosa hipótese
das duas luas. Durante as demoradas despedidas, não deixava de
recomendar que encontrássemos alguém com disposição e tempo para
despertar a ANRA daquele sono profundo, antes que viesse a ser eterno.
Estávamos tão temerosos que a entidade simplesmente renascesse sem a
vocação profunda daquela primeira geração que logo concluímos que um
autêntico despertar seria possível somente pelas mãos de um antigo
associado, pois outra pessoa certamente conduziria a ANRA através de um
modo de pensar e fazer Astronomia completamente diferente. Neste
sentido, contatamos dois importantes associados que ainda residiam em
Natal: Albimar Borges e Roque José da Silva. Profissionalmente, Albimar
e Roque exerceram o magistério na fase modelo do Atheneu Norte-Riogr

andense. Roque fora ainda diretor do Observatório das Quintas. Em
resposta ao nosso pedido para que assumissem a presidência da ANRA,
recebemos de ambos um melancólico não. Ainda cogitamos falar com Rômulo
Argentière, na época residindo em Carnaúba dos Dantas, mas as notícias
sobre seu delicado estado de saúde e a distância daquele município nos
fizeram ab andonar a idéia. Como na época estudávamos na ETFRN (atual
IFRN), resolvemos oferecer o posto ao nosso professor de física, Zanoni
Tadeu. Como naquele período, Zanoni estava ocupando um cargo de
coordenação na instituição, sugeriu o nome de seu colega Antônio Araújo
Sobrinho, que acabou aceitando a grande tarefa. Pouco tempo depois, o
Prof. Antonio Soares foi até a sede do IFRN para formalizar a
transferência do patrimônio”.

Francisco Carlos de
Meneses Júnior

São José dos Campos (SP),

07 de dezembro de 2009.

A ANRA foi então ganhando força aos poucos. Após assumir essa
responsabilidade, a qual mantém até os dias de hoje, o professor Antônio
Araújo deu início a vários trabalhos e campanhas de difusão da
astronomia para a população natalense, bem como habitantes do interior
do RN.



[1]No Uruguai, em dezembro de 1982, a LLADA passa por uma
reorganização, recebendo o nome de Liga Ibero-Americana de Astronomia
– LIADA, a qual permanece em atividade até a presente data, reunindo
trabalhos de difusão de tópicos astronômicos e promovendo o dialogo
entre grupos de diferente países. Ver:  http://www.liada.net/ Acessado em 22
de Junho de 2010.

[2]Wernher von Braun (1912-1977), cientista alemão, 
nacionalizado americano, gr ande precursor dos atuais foguetes e
também considerado o “pai” da aventura espacial e um dos responsáveis
pela chegada do Homem à Lua.
[3]Francisco Carlos de Meneses Júnior é bacharel e
licenciado em Física pela Universidade Federal do Rio Gr ande do Norte
(UFRN), mestre pela mesma instituição e atualmente é doutor ando em
Geofísica Espacial pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais,
INPE.

[4]Francisco Carlos refere-se aqui ao vôo do dirigível Graf Zeppelin.
Em 1930, após pousar em Recife, Rio de Janeiro e novamente em Recife,
ele sobrevoou a cidade de Natal qu ando seguia para os Estados Unidos.
_________ Trecho extraído de: SCHIVANI, M. Educação
não formal no processo de ensino e difusão da astronomia: Ações e
papéis dos clubes e associações de astrônomos amadores. Dissertação
(Mestrado) – Orientador: Prof. Dr. João Zanetic – Universidade de São
Paulo. Instituto de Física, Depto. de Física Experimental – São Paulo,
SP. USP/IF/SBI-029/2010. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81131/tde-27092010-095727/pt-br.php
Acessado em 10 de Fevereiro de 2013.